terça-feira, 23 de junho de 2009

Livro: AS FLORES NÃO FALAM

Por Deolinda Cornicelli Buosi.

Travessia

Estou à margem da saudade, do amor distante; caminho por estradas, ruas e avenidas que não me levam até você.
Estou do lado oposto...
Pra meu tamanho desgosto!
Fico só! No peito, tenho um nó...
Venha desamarrá-lo.
Faça a travessia... dura apenas um dia! Pare o tempo! Apague a luz e acenda minh’alma.
Isso me acalma...
Desate este nó! Não me deixe só. Espero-te deste lado do mundo, conto cada segundo. Faça a travessia e fixe em mim sua moradia!

Trânsito

Habito na esquina do desejo,
De lá eu te vejo.
Viajo na estrada da paixão.
Nesta via, eu ando na contramão.
Trafego pelo deserto,
Neste caminho tu não estás por perto.
Deslizo na avenida da saudade, à procura da felicidade.
Então encontro o sinal fechado e um coração machucado. Sem freio saio deste meio e busco o caminho numa trilha, onde encontro uma ilha. Que maravilha! É deserta. Ligo o alerta! Isso me desperta:
Estou só!

Nas infinitas cores e essências das flores, eu te encontro único, exclusivo! Só para mim...

Sem direção

Na multidão te procuro sem encontrar,
No silêncio te ouço sem me chamares,
Canto sem tom,
Danço sem embalo,
Meu riso é triste,
Sinto-me uma vereda,
Caminho sem direção.
Onde isso vai parar?
Não sei. Não paro para pensar.
Imagino que talvez estejas do outro lado do mar...
Ou quem sabe numa bolha de ar. Venha me encontrar,
Ligue o radar.
Passarei do limite,
Venha me autuar.
Este preço eu quero pagar.
Quanto vai me custar?
Não sei, mas vou arriscar.
Quero apenas pagar as promessas não cumpridas e cumprir nossas dívidas antigas...

Eu sei que vou te amar

Mesmo que o telefone não toque,
Mesmo que não ouça tua voz.
Mesmo que os olhos não te fitem,
Mesmo que os lábios jamais te beijem.
Mesmo que o abraço não venha em minha direção,
Mesmo que não sinta teu perfume.
Mesmo que:
O mar não murmure,
O sol não aqueça,
As estrelas não brilhem,
Que a lua não apareça,
A semente não germine, e
Que o mundo até pare de girar.
Mesmo assim:
Eu
sei
que
vou
te
Amar!

Nossos momentos não foram todos os que desejei, mas o suficiente para te amar infinitamente.

Jamais

Cala-te!
Não quero teu olhar, preciso me desvencilhar deste vício!
Gosto da tua fala – Então cala!
Gosto do olhar que condena – Absolva-me!
Gosto do toque que enlouquece – Então afasta-te!
Faça o que jamais fez para que eu te esqueça de uma vez!
Apaga os momentos vividos, tira da memória, construa outra história! Desvie o roteiro, encontre a saída e saia da minha vida!
Faça proezas, viaje no espaço, não quero teu abraço! Acorda enquanto eu durmo e entrega a outra pessoa o anel de saturno.

Marca-passo

Meu coração bate sem cor e sem ação.
Está pálido, impávido, sem luz, carrega para o calvário sua cruz.
Não tenho coragem, o desânimo reage e sufoca. Meu coração não bate, só toca, toca, toca...
Numa disritmia, na mesma melodia.
Não tem orquestra,
Não está em festa, faz uma simples seresta na madrugada da noite mal dormida.
Que vida! Preciso de um marca passo, no meu coração falta um pedaço,
Porque na minha vida falta você!

Como as areias do tempo o nosso amor escorreu entre os dedos. Tudo acabou...

Artesã

Eu entalhei um coração que bateu diferente, daquele que Deus me deu de presente.
Senti o caminho do sangue nas veias emaranhado-o como teias.
Estive em descompasso, coloquei dentro dele muita esperança e faltou espaço.
Neste coração lapidado não cabe um amor que chegou atrasado, quando tudo já estava consumado.
Este órgão bateu forte para fugir da morte, foi pelo doutor consultado que passou o resultado:
- Este coração entalhado está em descompasso porque está apaixonado.
Então me passou o receituário:
- Para um amor arbitrário o remédio é sonhar!

Fundo do mar

Jardim sem sol.
Inimigo do anzol.
És protegido pelo farol...
Quero desvendar-te.
Quero mergulhar em tuas profundezas, cavalgar em cavalos marinhos, tocar em peixes elétricos para acender a chama da paixão, empunhar peixes espada e ir à luta, desvendar o teu jardim de algas...
Quero colher corais e pérolas para seduzir-te.
Quero te náufrago dos meus desejos!

Tentei definir tua beleza interior, como a beleza de uma flor e percebi que possuis a exuberância de um jardim!

Bem-me-quer

És flor singela,
De cor branca e amarela.
O branco puro da paz que tu trazes se contrasta com o amarelo forte do sol ao norte: quanto calor!
Tens o encanto da flor que nos meus versos venho compor:
Margarida mulher e margarida flor.
Espectro perfeito que cobre o jardim e o leito...
Como flor és motivo de prece.
Como mulher nos lábios floresces.
És o Bem me Quer e o Mal me Quer...
Consagro lhe a vida:
Flor mulher e Flor margarida.

Flagrante

Em ti minh’alma está fixada.
Desvio os pensamentos.
Mudo o destino para a rota que preciso.
Escalo montanhas e contemplo a efêmera visão do paraíso.
Tento afastá-lo de mim.
Apago a chama da memória,
Fecho a porta da saudade sem alento.
Mesmo assim revelo
O pensamento mais belo,
Tão forte e crepitante
Que, em meus devaneios, me pego em flagrante!

Desfolhei uma margarida para confirmar que te quero: As flores não mentem!

Bala perdida

A bala perdida não tem direção.
Ataque violento, não se encontra culpado, somos vítimas da violência.
_ Peço clemência!
Sou vítima deste olhar, tiro certeiro.
Fui atingida,
Corro risco de vida.
Você é o culpado,
Precisa ser julgado.
Quero que sejas condenado:
- Viverás trancado, para sempre, dentro de mim.

O tempo

Parei o relógio para parar o tempo.
Faz tempo que não te vejo.
Cheguei atrasada na estação do amor, partiste...
Levaste o sol, a lua, a chuva e a brisa...
Fiquei sem teus raios de luz,
Sem a lua companheira,
Sem a chuva passageira e sem o verso que compus.
Preciso dar tempo ao tempo e esperar mais um tempo para quando houver tempo para nós.
Espero que o tempo mude e que voltes para recuperar o tempo perdido.
Acerto o relógio para marcar o tempo que estive contigo.
Espero que voltes e fiques comigo!

Amar-te é ter um jardim e ficar só com uma pétala!

Lembranças

Arquivos da memória.
Momentos guardados no museu da lembrança
Relíquias do passado.
Preces oferecidas.
Bênçãos recebidas.
Amigos conquistados.
Colegas lembrados.
Amores vividos.
Sonhos quebrados.
Etapas vencidas.
Mágoas esquecidas.
Desejos sufocados.
Segredos guardados.
Belezas incomparáveis.
Cenas lamentáveis.
Alegrias e tristezas.
Horrores e belezas.
Como sonho de criança...
Como a vida no mundo.
Como todas as lembranças.

Verbo deletar

Deletei tudo:
A chama do amor,
Meu sol, minha luz...
Fechei os olhos,
Vi a escuridão, deletei os sonhos e a paixão.
Apertei um só botão e deletei tudo que estava arquivado no coração.
Não vou inserir nada, quero a memória apagada.
Conjuguei o verbo deletar.
Agora...
Vou fazer outro texto,
E neste contexto,
Invento um pretexto.
Mas... tudo em vão...
Sou vencida pelo coração.
Vejo somente sua imagem.
E no novo texto, você é novamente personagem!

Sonhei com um lindo jardim que possuía mais de mil cores. Você é mais que um sonho!

Uma folha que cai

És a semente que germina.
És o broto que surge aos primeiros raios do sol.
És raiz profunda.
És caule que sustenta os galhos e as folhas do dia-a-dia.
És árvore majestosa de frutos saborosos.
És a mangueira por mim plantada.
Em tua sombra faço morada, admiro-te enlevo-me em tua copa esguia.
Choro por ti quando o corte a judia.
Cuido-te como mãe e pai, lamento quando uma
folha
cai...
Tu cumpres teu papel com tamanha nobreza, és importante para mim e para a natureza.

Desejos

São...
Sonhos ousados,
Vida em êxtase.
Patrimônio particular...
Os desejos são assim: fonte inesgotável de prazer, busca insaciável de querer.
São rebentos em flor!
São sintomas do amor!
São pensamentos alucinados!
São lampejos!
São sensações arrebatadoras!
São desejos!

Desejei falar das flores, mas deixei que as flores falassem por mim.

Lírios do campo

”Não tecem nem fiam”,
Mas trajam as mais elegantes vestes...
Seu aroma é digno de requinte e sofisticação.
Está na parábola.
Está na admiração!
Pertence ao lirismo.
É encanto e sedução.
Sua beleza é notável,
Habita o jardim, o vale e a montanha.
Em todos os lugares sua honradez é imensurável!

Flores que encantam

Elas são: Rosas
Margaridas,
Dálias,
Hortênsias,
Violetas,
Açucenas...
São flores que enfeitam o jardim da existência.
Possuem grande nobreza, encantam o lar e a natureza.
Possuem alegria e dor.
Têm os espinhos da vida,
Têm o encanto da flor.
Possuem a beleza e a luz:
Que na mesa encanta e na cama seduz.

Quisera ser nobre como a borboleta: possuir beleza e colorido para pousar nas flores que exalam perfume e esparjam belezas multicores!

A honra do mel

Seres alados,
Picadelas de dor,
Vagam no jardim,
Pousam na flor.
Teu produto é real,
Doçura sem igual!
Eu vôo sem asas,
Vago pela emoção.
Pouso em teus braços.
Doce sensação!
Contigo vou até o céu.
És amor inusitado,
Tens a honra do mel.

Retrato da vida

Criança:
- Notícia de verdade.
- Vida em liberdade.
- Bandeira de paz.
- Perfume fugaz.
- Vida no mundo.
- Sonho profundo...
Homem:
- Notícia de violência.
- Vida sem clemência.
- Bandeira de guerra.
- Cheiro de terra.
- Vida sem esperança.
- Sonho que não se alcança
Enquanto no berço vazio,
O mundo balança.
Hoje crescestes, oh, Homem!
E te esqueces que fostes criança e
Poderias mudar esse quadro com pujança!

Teus lábios tem o néctar doce das flores, queria ser uma abelha para pousar nesta flor.

Idade

Tempo de vida.
Medida de momentos.
Acúmulo de experiências.
Duração da existência!
Viver é assim:
Somar o tempo,
Viver sem alento,
Encontrar contratempo.
Reviver o momento,
Ser nobre,
Sendo rico ou pobre.
Ter felicidade.
Independente da idade.
... as diferenças são apenas crenças.
Não creia nelas!

Ser feliz é tudo

Tudo é muito.
Muito, pode não ser tudo,
Mas tudo tem sua razão de ser. E ser feliz é tudo!
Em tudo que vejo, não está tudo que creio.
Em tudo que vivo, não está tudo que sonho.
De tudo que tenho, falta muito para conquistar.
Mas tudo que vejo, creio, vivo, tenho e ainda sonho, é muito para ser feliz
E isso é tudo!
Teu perfume é tão necessário quanto o ar que respiro.
Notícias
Coroei-te meu rei.
Coloquei-te no trono de minha vida.
Vesti-me de emoção e entreguei-te meu coração.
Estás nas manchetes das páginas da minha vida.
Estás na mídia do meu ser.
És a notícia de última hora e o velho texto da redação.
Jamais estarás no esquecimento.
Porque em toda minha vida és a notícia do momento!

Beija-flor

Sou assim:
Pequeno pássaro de vôo rápido que colhe o néctar do seu beijo, desabrochando como flor e desejo.
No jardim da vida vou a sua procura,
Talvez cumprindo jura...
Você, flor perfeita de raios multicores, rosa aberta que meu amor desperta.
Dos espinhos, não sinto dor...
Pouso em teus braços,
Como se pousa na flor!

Felizes são os beija-flores que beijam as mais sublimes belezas e aspiram seu perfume!

Proposta

Proponho-te viver um grande amor
Repleto de prazer.
Na entrega total
De todo o meu ser.
Amor ascensional
Fora do imaginário;
De momentos concretos,
Sem desejos secretos.
Uma proposta decente para
Viver plenamente
Um sentimento especial,
De loucura e fantasia,
Num mundo real.

Carta de amor

Na folha pálida e fria.
Escrevo-te, ao sabor dos morangos, a doçura do prazer e as loucuras de amor.
A palidez da folha e sua frieza tornam-se ardentes diante das sentimentalidades que nesta página venho compor.
Aqui deixarei para a eternidade todos os momentos de felicidade...
Se um dia, todo esse triunfo que trago no peito passar, não será só passado, mas alicerce para a construção de grandes realizações.
Quero que o mundo saiba que os momentos vividos são eternos e os sonhos também...
Vou registrar nessa missiva o gosto do primeiro beijo: suave como brisa, com o frescor de uma manhã de verão.
Nas vestes, o amarelo do sol refletindo a luz do primeiro encontro...
São receitas de felicidade com os ingredientes da paixão.
A chuva também vem celebrar a magia e o encantamento.
... as luzes da cidade e a noite de esplendor são delírios de uma carta de amor!
Outros momentos virão...
A estes serão unidos,
Todos serão guardados e
Jamais serão esquecidos...

As flores não podem dizer nada; mas digo tudo através delas: Eu te amo!

A linha

Na linha do horizonte,
Na linha do vento,
Na linha das mãos,
Na linha do tempo.

Na linha do telefone,
Na linha que tece o pano,
Na linha do teu nome,
Na linha do profano.

Na linha do pensamento,
Na linha da composição,
Na linha do sentimento,
Na linha do coração.

Na linha reta ou inclinada,
Na linha do anzol,
Na linha curva ou tracejada,
Na linha do pôr do sol.

Na linha da órbita planetária,
Na linha do trem,
Na linha imaginária,
Na linha em que vens.

Na linha da memória,
Na linha da emoção,
Na linha da nossa história,
No novelo da paixão.
Vou amarrar esta linha,
Da terra até o céu,
Soltar a imaginação,
Na linha do carretel.

Teu amor é como o sol: aquece minha vida!

Vidas secas

No agreste dos sonhos,
Nos espinhos da saudade,
No deserto da vida,
Na busca da felicidade...
Somos como vidas secas.
Somos corpos ressequidos,
Lutamos pelo amor
Em terrenos partidos.
Tenho sede dos teus beijos,
Quero a água do teu suor,
Mas o sol da solidão me aquece,
E sem piedade meu coração padece.
Então...
Espero-te em vão!
Como quem espera,
A chuva no sertão!

Veracidade

Como palavras claras,
Como a luz do sol radiante,
Soa a elocução da fala
De um amor crepitante,
Neste tema não vacilo.
Na veracidade do sentimento,
Num toque ou estalido,
Sem culpa e arrependimento,
Amor sem preconceito.
Busca veraz,
Guerra no peito,
Triunfo da paz!

No deserto da vida, és a flor que brota no meu peito árido!

Óbvio

O amor é evidente,
Toma conta de toda gente,
No coração habita
E a alma calada, grita.

Óbvio sentimento!
Óbvio alento!
Óbvio sofrimento!
Óbvio contentamento!

É óbvio que o amor,
É um sentimento que contagia,
E mesmo na dor,
Provoca alegria!

Você é a prova real,
De tamanha felicidade,
É meu bem e meu mal,
É uma grande saudade!

Alabastro

Esculpi-te em meu peito,
No entalhe, não teve jeito.
Ficou ali cravado,
Um sentimento alucinado.
No alabastro branco,
Salpiquei com pranto
Na pedra perfeita
Que minh’alma enfeita.
Coloquei-te no pedestal,
De um amor sem igual.
No peito levo a escultura,
De sonho e loucura.

Não quero roubar a beleza das flores, mas nada se compara a ti.

Fascinação

Tua voz tem o som da música celeste.
Teu olhar o magnetismo imanente.
Teus abraços o embalo da valsa.
Teu sorriso a beleza da flor.
Teus beijos, a doçura do mel.
Teu corpo os mistérios do amor.
És encantamento!
És sedução!
És deslumbramento!
És fascinação!

Do outro lado da cidade

Do outro lado da cidade,
Não há felicidade.
Há abandono,
Como cão sem dono.
Crianças vivem na rua,
Com a alma nua.
Não têm escola,
Têm cheiro de cola.
Não têm carinho,
Têm ferimento de espinhos.
Meninos que crescem,
Sem crescimento e
Vivem num mundo violento.
Habitam o outro lado,
São marginalizados.
Não conhecem a luz,
Nem o significado da cruz,
Olhai por todos,
Oh, Jesus!

Canto a festa do mundo num silêncio interior!

Procura-se

Procura-se:
Nas páginas do jornal,
Nas manchetes da TV,
O rosto do marginal,
Num crime em que não se crê.

Procura-se a solução:
Falta polícia!
Falta política!
Falta ação!

Procura-se uma saída:
Falta esperança!
Falta coragem!
Falta fé na vida!

Procura-se:
Um irmão perdido,
Nunca encontrado!
Num morro escondido!
Ou encarcerado!...

Flor maior

Caridade é semente que nasce dentro da gente.
Às vezes não floresce e
O amor padece.
Caridade é bem que não se consome,
É remédio contra a fome.
Caridade é jardim que habita a flor mais bonita.
Cultivar esta beleza é
Encantar a natureza!
Lutar por uma vida melhor
E espalhar a semente da flor maior!

Há sempre um pouco de perfume nas mãos de quem oferece flores.

Pelo avesso

O lado de dentro é o lado avesso.
É onde guardo o menino travesso.
Se te ponho do meu lado,
Ficas do lado errado e
Entro em contradição
Porque habitas o lado esquerdo do peito: dentro do meu coração.
Se vais embora, estás do lado de fora. O que faço agora?
Me viro pelo avesso pra ver se te esqueço, quase enlouqueço.
E meu coração vencido faz um pedido:
Vira-te do avesso e fica comigo!

Coisas que não se esquece

O rosto iluminado,
O sorriso encantado,
O olhar fascinado,
O momento vivido,
O livro lido,
O poema escrito,
O quadro pintado,
O amor jurado,
O sonho sonhado,
Neles sempre verei você, porque como a semente que em mim floresce estão as coisas que não se esquece!

Como num campanário, és a felicidade que retine.

A Estação

É na primavera, momento em que a natureza se manifesta em beleza e festa.
No homem nasce a semente num toque envolvente...
E em sinestesia, nossos corpos recriam a mais suave melodia.
O momento é especial.
A metade vira total.
Embarcamos na estação do amor, viagem de alegria e dor, mas no coração não há perigo.
O que há é um duplo sentido.
Com dois regentes na mesma orquestra fazendo a seresta de todas as vidas.
Neste embalo, nossas almas valsam.

A menina e o poeta

Assim diz o poeta:
“Há coisas que são para refletir,
Há coisas que são para sentir,
As coisas que são para sentir não precisam de reflexão,
Bastam sentir, sentir, sentir”...
Apenas sentir.
Amor e atração,
Fascínio e sedução,
Encanto e prazer,
Sonho e viver...
Sem reflexão, seguindo o ritmo do coração
Num êxtase em que a alma se completa.
Arremessando aos céus!
A menina e o poeta!

És o dono de todas as estações. Sinto o frio da tua ausência, o calor ardente da saudade e as juras do outono num jardim sem flores!

Cavalgada

No galope do amor encontro a liberdade
Num ser alado.
Voando para a Felicidade,
Na fantasia,
Na realidade...
Nesta viagem,
Não levo bagagem
Levo apenas a ti.
Sem passagem,
Vais clandestino.
Cavalgando num coração menino.

Coisas do coração

Entre ninfas e deuses,
Perdida me encontro.
Estou no pântano da vida,
Nos mistérios da paixão,
Nas coisas do sentimento,
Nas coisas da emoção.
Caminhando pelo desconhecido,
Desvendando os enigmas da atração,
Entrando em sintonia com as coisas do coração.

Só quero falar das flores e de sua beleza, pois tal como a flor tu és.

Contradições

Ele diz que me ama.
Mas não fica comigo!
Se diz meu amor.
Mas é meu amigo!
Diz que por mim tem paixão.
Mas machuca meu coração!
Fala da felicidade,
Mas deixa-me na saudade.
Fala-me da flor
E fere-me com os espinhos.
Diz que seu amor é meu,
Mas já me esqueceu.
Diz que sou sua alegria,
Mas deixa-me em agonia.
Diz que o meu olhar o conduz,
Mas deixa-me nas trevas.
Diz que não me esquece,
Mas minha alma padece.
Diz que me quer,
Mas foge de mim.
Jurou amor eterno,
Mas tudo teve fim!

Doce loucura

Vivo momentos
Que são como fúria do vento.
Perco o controle do coração, mas
Abrindo a gaveta revirada da memória encontro sempre a mesma história.
Fantasia com realidade se confundem e o real precisa se tornar possível.
Tento domar o coração,
Conheço meus medos.
Perco-me nos sonhos e encontro-me em você,
Minha doce loucura!
A perseverança do girassol é como o amor que sinto: estou sempre voltada para ti, meu sol!

Domínio

Ás vezes fico horas sem fim diante de um papel...
Faço um esforço sobre-humano para esquecer-te.
Resisto a compor
Pois sei que estarás presente, mesmo que nas entrelinhas.
Sinto-me escrava desta criação.
Necessito da escrita, da leitura, das minhas verdades...
Por alguns instantes penso serem apenas tolices,
Mas sou levada pelo fascínio
E este é o meu domínio!

Desabrochar

Flor...
Quando está fechada para o mundo,
Está voltada para si.
Em tempo necessário para o amadurecimento
O sol aquece,
A chuva cai,
O vento sopra...
E na grande magia da criação surge o
D e s a b r o c h a r.
Que traz o encantamento,
Que contagia.
Pode acontecer a intempérie:
A seca,
A tempestade,
O furacão...
Mas seu desabrochar abre o coração!

És meu sol, minha água, minha luz e meu chão. Em ti fixo raízes e rebentos em flor.

Prece às águas

Gotas vivas que brotam,
Fios que correm as encostas,
Rios que se cruzam e desaguam,
Cachoeiras que se atiram,
Mares que murmuram,
Marés que sobem,
Ondas que se formam e
Se arrebentam sem cessar,
Profundezas em alto mar...
Num lago parado,
Num poço profundo,
Numa correnteza acelerada,
És vida no mundo,
És chuva que lava,
És água do batismo,
És enchente que arrasa,
És poesia e lirismo.
Pranto e dor
Fonte da vida e
Fonte de amor!
És água que jorra!

Poema imperfeito

“Se toda panela tem sua tampa,
Se toda laranja, sua cara metade,
Se existem:
O côncavo e o convexo,
A carne e a unha,
As almas gêmeas”...
A simetria,
O encaixe...
Se existe tudo isso...
Onde está você?!...

És como a vitória-régia: Flor imensa sobre um profundo lago de saudades!

Universo

Pequenas extensões de água, terra, colinas, montanhas, vales... juntas formam a grande extensão que compõe o universo.
Palavras, gestos, momentos, saudade, amor, emoções, decepções, sensações de dor e prazer
Formam o universo de todo meu ser.
Este é o Planeta em que habito.
Nele, tu
És a constelação,
E eu, tenho a poeira das estrelas.
És o oceano,
Tenho uma gota de água.
És o deserto,
Tenho um grão de areia.
És uma floresta,
Tenho um arbusto.
És um jardim,
Tenho uma pétala.
És muito, és grandioso,
Tanto que me perco nas hipérboles, faço rodeios com as palavras para ir direto ao coração,
Onde o pouco é tudo, porque és tudo para mim:
És meu universo!
E habitas em todo o meu ser!

Névoa

Olhando para dentro de mim,
Pego-me em pensamentos que vagam...
Não vejo saída,
Meu coração reduz-se num niilismo voltado para ti.
Sinto a densidade da névoa sobre as sensações internas
Que dificultam a compreensão das coisas que se passam a minha volta.
E no vapor aquoso e turvo destes pensamentos
O sol do teu afeto aquece minha alma, dissipando a obscuridade do meu ser.
Tua luminosidade mostra-me a direção da felicidade, num amanhecer.

Nosso amor é tão perfeito quanto as flores e tão imenso quanto o universo!

Pequena ostra

Tu que abrigas todas as raças,
Terra fecunda que faz germinar a vida,
Estás na simplicidade de tuas praças,
És nossa Pérola querida.
Galante e cheia de vida,
Em teu seio repousam a fé e a esperança.
Crês em teus filhos,
Crês em tuas crianças,
Com braços de luz embalas o berço esplêndido e a teu povo conduzes.
Solo regado pelo suor do trabalho,
No noroeste do Paraná
O teu encanto está
Tua padroeira:
A virgem de Fátima.
Com o manto sagrado,
Enche-te de graça
E na torre da matriz,
Soa o sino num embalo feliz.
A tua bandeira que se levanta no mastro vigorosa,
Enobrece teus símbolos, toda majestosa.
És jovem senhora!
És jóia rara!
És o município de Pérola!
És o brilho que paira!

Para contemplar a beleza das flores é preciso construir e preservar os jardins.

Alquimia

Na química do amor,
Na reação dos desejos
És o elixir da sedução.
Transformas o metal frio da solidão em ouro reluzente da paixão.
És o escultor que transforma fantasia em realidade.
És meu “dono”,
Olhos de luz,
Farol da minha existência...
És pura magia.
Possuis a alquimia.

Presença

Perfumes que se misturam,
Vozes que silenciam,
Silêncios que gritam,
Vácuos preenchidos,
Privacidade invadida
No quarto vazio
Que se enche de emoção
És o beijo na boca da noite,
És o céu estrelado,
Estás ao meu lado,
Sinto a tua presença...

Mesmo sem luz, posso ver o colorido encantador presente em ti: Magia pura!...

Face

A face é o encanto,
É o leito onde corre o pranto,
É o semblante do sorriso,
É o olhar preciso.

É a expressão do sentimento,
É a reação do momento,
É o registro da Felicidade,
São marcas da idade.

É o outro lado da moeda,
É a composição do poeta,
É a superfície das coisas,
É o lugar em que repousas.

É a esperança de alguém sonhando,
É o amor puro despertando,
Está no semblante sincero e
Fica evidente que eu te quero.

Infinito

Assim deve ser a busca,
Acender a chama mesmo quando seu brilho ofusca.
Lutar pelo sonho,
Mesmo que sinta o abandono,
Crer na vida,
Mesmo que seja sofrida.
A felicidade foge à regra da matemática.
Pois quanto mais se divide, mais se multiplica.
E a esperança não é conta exata, sempre há sobras.
Creia nas infinitas possibilidades e some esforços.

A magia do amor é como os rebentos em flor. És o ramo que se fixou em mim...

Sem compromisso

Não vou decidir o pleito,
Nem cumprir a promessa.
A saudade não tem jeito
Se a paixão recomeça.
Quero sorver o amor
No arbitramento da dor
E reafirmar em mim
Uma certeza sem fim.
Não quero compromisso,
Quero viver o momento
Serei responsável por isso
Sem sofrer arrependimento!

Amor volátil

Transporto-me em asas de fina plumagem.
Nos sonhos vôo para um mundo irreal e audaz.
Fujo deste mundo vil.
Purifico a alma num vôo rasante e como ave de rapina pouso nas montanhas do imaginário.
Faço meu ninho no inconsciente e habito o coração.
Ambiciono os céus, mas na Terra
Fixo raízes...

Cultivar flores é cultivar a beleza que encanta o jardim da vida.

Vaso dourado com rosa e cravo

No vaso dourado,
A rosa brigou com o cravo.
No cravo, cravou-se a dor;
Na rosa, cravou-se o amor.
Nesta luta, os dois perderam a disputa
E no dia dos namorados
Ficaram entrelaçados.
Enfeitaram a sala...
E quando o silêncio estala,
Ouve-se um grito de amor.
Aquecidos na alma
Com chama de cores,
Se amam no vaso dourado.
As duas flores!

Vitória interior

No Oceano da existência,
Travei grande batalha com meu eu.
Nesta luta, levei
No ímpeto do coração as mais poderosas munições afetivas...
Foram rifles de emoção,
Metralhadoras de desejos,
Fuzis de fantasias,
Granadas de sensações,
Mísseis de saudade.
E tanques de desvario
Num combate sem tréguas.
Por fim, desarmei-me.
Camuflei os sentimentos e
Desviei-me do alvo,
Levantei a bandeira da paz e quietude,
Domei os sentimentos.
Náufraga em alto mar, emergi.

Uma flor, quando colhida, separa-se do jardim, mas une dois amores.

Nós

Nos propomos a viver o inusitado,
Esclarecer as sensações,
Encorajar os anseios,
Encaminhar os sonhos e
Semear um fecundo sentimento.
Transpomo-nos ao horizonte
Sem perceber as sombras do vale.
E no temor de não encontrarmos a saída
Fluímos na transcendência!
Acrescento:
“Fomos duas árvores castas.
Não misturamos as raízes.
Apenas enlaçamos os ramos
E sonhamos juntos”. (Helena Kolody, 1966)

Sinfonia

No indissociável,
No corpo e alma,
No sentimento e emoção,
Na sinfonia da vida,
Na inspiração...
É na cadência melodiosa,
Que minha vida se embala.
E no movimento sincopado
Meu coração estala.
No corpo altivo e voraz
Brota a poesia, no sopro do vento
Numa sinfonia fugaz.
E na minha pequenez
Exalto a grandeza do infinito.
Num eco calado,
No silêncio do meu grito!

Sem ti meu mundo é um deserto. Contigo, um oásis!

Reencontro

Na inefável agonia da criação,
Reencontro-me.
Saio de mim na busca do sonho...
Nos lugares em que estive, vejo minhas pegadas.
Passei por campos áridos,
Por solos férteis...
Colhi as searas maduras.
E os frutos pútridos.
Naveguei por mares agitados e lagos delgados,
Caminhei por estradas vastas e trilhas tortuosas.
E na singeleza das palavras, saio de mim, para estar contigo.
Lugar em que me reencontro.

Paisagem interna

Nos ventos alísios do meu ser,
Contemplo os raios de sol no amanhecer.
Nas montanhas do desconhecido ou
No nevoeiro perdido
Não vou sozinha,
Levo-te comigo.
És a bússola da minha vida,
Mostra-me a direção a ser seguida
Quando estou perdida.
Abro os braços na direção de tua luz,
No corpo sinto a forma da cruz e,
Na alma, a paisagem interna que reluz:
É o brilho de Jesus!

A flor é frágil e bela; o amor que sinto é forte e exuberante, mas ambos possuem o mesmo encanto e magia...

“Poeme”

Na música submersa,
Na sombra do riacho murmurante,
Na correria da vida.
A pausa em um instante,
O infinito presente,
A presença constante,
São poemas da vida,
Num espetáculo galante.
No jogo das palavras que viram poesia,
Nos mistérios da noite,
Na luz do dia,
Num espetáculo de Glória,
A alma enobrece os aplausos da memória!

Nostalgia

A melancolia não habita o universo,
Está em mim,
Está no meu verso.
A vida é radiosa.
E mesmo com o coração dilacerado,
Quando o amor se finda,
Continuo cheia de esperança,
Procurando sempre e
Sonhando ainda!

Encanto-me tanto com a beleza das flores que até me esqueço dos espinhos...

Ressonância

Sua passagem pela minha vida
Foi como um fenômeno físico
Que passou pela cavidade do meu peito,
Preenchendo todo o vácuo.
Foi o corpo sonoro que provocou vibrações na alma
Como uma música delicada e angelical
Cujo toque suscetível agiu nas batidas do coração,
Provocando um balé interno:
O espetáculo da paixão!

Fuligem

O fogo ardente da paixão fez queimadura de terceiro grau em meu coração.
No alçar da fumaça meus olhos lacrimejam.
A fuligem está impregnada na alma.
No golpe exprobrado do ardor
Meus pertences foram levados.
Tu também fostes!
E hoje contemplo apenas a fuligem negra.

O vazio do meu coração se preenche com um ramalhete de saudade.

Preciso chorar

Quisera prantear a dor da perda,
Quisera lastimar o momento não vivido,
Quisera exprimir a amargura e lamuriar todas as derrotas,
Quisera fazer o queixume de todas as incertezas,
Quisera que as lágrimas saíssem dos meus olhos,
Lavando toda a alma,
Quisera que a tristeza e a melancolia se derramassem,
Quisera tanto...
Quisera tudo...
Quisera muito...
Porém, hoje:
- Preciso chorar!

Casual

Quero encontrar-te sem marcar o encontro,
Estar contigo
Para encontrar a felicidade.
Quero oportunizar o acaso,
Neste caso, comprometo-me com a autenticidade.
Que seja natural,
Com amor imortal,
Com desejo total,
Num momento especial:
Sou frugal,
Tu és o tal,
Mas tudo será: casual!

Não é necessário estar contigo para me encantar. Estou encantada em apenas pensar em ti.

0 baile

Na dança faceira,
Na melodia ligeira,
No rosto colado,
No ritmo apaixonado.
No baile da vida, encontro-te no salão;
E nos momentos festivos,
Com os corpos separados e os corações unidos
Oscilamos na coreografia
Plagiando na letra e na melodia.
No movimento cadente,
Na sucessão dos passos,
Caminho com desejo ardente
Rumo aos teus braços.
No bailado da atração
Flutuamos na imaginação...
Pelo sim ou pelo não:
- Parem o baile!!!

Sonata

Como numa peça musical que se divide em três movimentos,
Meu coração soante
Divide-se em três momentos:
Te olhei, Te encontrei, Te amei...
E na harmonia perfeita
Em que meu ser se deleita,
Na regência do teu olhar
Entôo a sinfonia da vida, sem vacilar,
Numa sonata interior
Para o amor celebrar.

As flores enfeitam a natureza e tu enfeitas todo o meu ser!

Desordem

No desalinho do coração,
Na desordem das sensações,
Não sou capaz de encontrar-me...
Você está impregnado nesta desventura.
Magia pura!
Sempre te acho quando me perco!
Num cálice de vinho me calo!
Ouço-te!
No sabor dos racimos da uva,
Minha desordem interior uiva na lua cheia.
E repleta de desejos,
Organizo a emoção para
Guardar-te do lado esquerdo do peito:
Dentro do coração.

Corpo e mente

Sei que posso almejar o vislumbre de outros mundos.
Sei que nas camadas mais elevadas da mente,
Os sonhos são possíveis.
Sei que o corpo percorre as trilhas do coração
E que nas armadilhas do destino,
Somos prisioneiros libertos:
Corpo estático e mente cinética.

Meus pensamentos voam como uma abelha, mas meu coração pousa em ti, minha flor de néctar doce!

Despertar para morrer

O sol nasce para se pôr.
O dia festeja sua chegada com raios de luz.
És minha noite!
A noite chega e apaga-o com sua penumbra.
O céu fica estrelado e a majestosa lua vem celebrar.
És meu dia!
Mas, tu findas!
És o meu sol e minha lua!
Meu despertar para morrer!

Uma cruz na estrada

Alguém passou apressado,
Talvez tenha faltado cuidado
Ou o destino já tivesse traçado.
A paisagem foi o cenário
Que assistiu tudo calado.
Na curva, na reta,
No caminho, na ponte, no precipício...
O fim teve início.
A vida vem se opor,
Deixa a marca da dor,
Que fica ali registrada
Com uma cruz na beira da estrada.
Pela vida afora
A morte será lembrada.

A beleza das flores que encantam na vida, enfeitam na dor para nos acompanhar na partida.

Sem evasiva

Não vejo a saída,
Bloqueias a porta principal,
Não há subterfúgio!
Invento desculpas astuciosas para minha evasão.
Não há escapatória!
Moras em meu peito
E fazes parte da minha história.

Dígito

Dos algarismos arábicos do mundo exato
Os dígitos do seu telefone
Com meus dedos fizeram um pacto.
Nesta convenção bilateral,
Minha entrega é total.
Mesmo que a ligação não se complete
De emoção minha alma fica repleta.
E num toque vibrante,
Ouço sua voz radiante,
Me dizendo:
- Alô!...

Viajo pela vida, mas sei que tu és o meu destino.

Aquarela

Misturei as cores da vida com o meu pranto e
Fiz uma aquarela num recanto.
Pintei um eclipse lunar
Para que na sombra pudesse te amar.
Estava escrito nas estrelas...
Em letras multicores,
Os sonhos e os amores...
Nesta técnica singela e pura,
Minha alma com a tinta se mistura,
Sendo assim, podes contemplar-me
Numa tela pintada em aquarela.

Primavera

O mês de setembro recebe a estação das flores
Com luzes, sentimentos e cores.
A paisagem cinza se enche de beleza e colorido
Brotando um mundo florido!
O canto dos pássaros numa sinfonia perfeita
O cenário enfeita!
Que esta passagem da vida,
Não seja uma oportunidade perdida,
Um querer esquecido!
Vale a pena contemplar o encanto das flores,
Para consolar-se nas promessas do outono.
Aquecer-se ao sol do verão,
Para suportar o frio do inverno
E talvez, a amargura de uma solidão.
Espero que não!

A saudade é como um labirinto: não vejo saída!

Palavras submersas

Estás no fundo do meu coração,
Ancorado na paixão.
Inundas todo o meu ser.
És o submarino do meu viver.
No mais profundo dos sentimentos
Minhas palavras naufragam.
E nos caminhos da vida, sem alento, vagam...

Poético

Qualquer momento que eu desenvolva a redundância de todo o meu ser,
Transformo-me interiormente para renascer e revelar aos olhos externos
Minha integração e posicionamento a toda humanidade.
Isso se faz de um modo grandioso e poético,
No contexto da alma e da criação,
Na simplicidade das palavras e
Na nobreza dos sentimentos.

És como o vento silvestre. Celebro tua chegada, sem acompanhar-te na partida!

Desafio

O impulso do crescimento,
As conquistas e a superação das dificuldades
São peças da engrenagem cuja máquina
É pilotada pelo coração humano.
A produção, as metas,
A concentração entusiasta e todo o processo de melhoria e crescimento,
São grandes desafios para grandes realizações.
E o dinamismo perante a vida,
Sem desafio, não se desperta para louvar,
Cantar, participar, integrar, animar e fluir numa atmosfera vital:
Amar e viver, esta é a meta,
A cria e a alegria!
Este é o desafio!...

Simplesmente

Sem exuberância ou sofisticação,
Simplesmente definido por si só.
Discrição energética, sem excesso,
Mas com grande estrutura e realeza.
Ser simples, ser povo, ser massa,
Ser como a grande maioria...
Mas ser único, exclusivo,
Refinado pela pureza das emoções.
Na simplicidade das coisas,
Dos seres e do modo de vida.
Contudo, concentrar o extremo apuro e requinte dos sentimentos:
Simplesmente amar!...
És minha estrela! Quero ser o teu céu!

Consciência

A consciência é o universo interior.
Proporciona alegria e dor.
Realiza um trajeto pelo imaginário e pelo concreto.
É a busca da identidade...
A luta pela felicidade...
É a percepção lúcida das próprias ações.
Com honradez o amo.
Com retidão, o guardo na lembrança...

Abstrato

Desejo criar uma constante,
Entre a vida e o viver.
Suscitar infinitas possibilidades,
Representar a aura com cores abandonadas pelo mundo real.
Manifestar a pureza das sensações,
Num universo subjetivo.
Gerar formas no viver,
Que podem caracterizar ou não a interpretação humana.
Mas estabelecer uma ligação:
Você e a paixão.

És para mim como uma flor no vaso. Enfeitas meu mundo, mas por tempo limitado!

Alma feminina

Na divagação poética em que habito,
Há o retrato de um sentimento maior,
Imensurável ao plano terrestre.
Remeto-me à introspecção para traduzir
Os mistérios e caminhos da vida.
Revisto-me de energia positiva
Para reverenciar o amor e a criação.
Na alusão da perfeita e sublime transmutação de crescimento interior
Desabrochando para a vida.

Sensação de sensações

O espírito alerta,
A alma desperta,
Os momentos bons e maus passam,
Mas as sensações permanecem...
A razão e a emoção perpetuam no tempo.
E nas fronteiras da vida,
Estão as dimensões de fuga.
A perda da razão retrata o inconsciente.
A perda da emoção mergulha a mente num turbilhão sem controle.
O domínio de ambos provocam inexplicáveis sensações!

Contemplo as flores e sua beleza, já que não posso vê-lo!

Balada

De forma fixa estás em mim.
No romantismo emanante não há fim.
No ritmo solto ao vento,
Levada pelo pensamento,
No toque da balada,
Sem pensar em mais nada.
Vens do imaginário,
Talvez como ser lendário.
E nesta toada,
Fazes em mim morada.

Prece ao céu

És o teto que abriga todas as nações.
Presenteias a poesia com estrelas e canções.
Possuis, como majestade, a lua.
Quero ser tua!
Na boca tu também estás.
És o céu das palavras,
Cobertura da guerra e da paz.
És a imensidão!
És a esperança do cristão!
És eminente e prestigioso.
Tanto seguro, tanto perigoso.
Mistérios... intermédio dos filhos teus,
Caminhos que levam à Deus!

Mesmo nas trevas, posso ver tua luz! És o colorido da minha vida!

Tributo à terceira-idade

Alegria festiva,
Momento sublime,
Alma altiva,
Afeto exprime.

Tua saudade é a mocidade,
Teu sofrimento é o desalento,
Tua idade é a marca da sabedoria,
Teus filhos e netos são motivos de tua alegria.
A dor que levas no peito,
É a falta de consideração e respeito.

Mereces carinho,
Dignidade e compreensão,
O amor é o caminho,
Que leva ao coração.

O jornal

Em primeira mão relato a ti a notícia do meu dia:
Penso em ti, sonho contigo,
Te amo, te quero, te espero...
Redijo a matéria em que és a manchete,
Estas editado no meu coração
E serás divulgado na minha poesia.
És minha inspiração!
Na página do meu ser,
Tu és protagonista.
Sinto tua presença,
Com a sensibilidade de um artista!

Sei que não é verdade que tudo termina, tudo apenas começa...

O jogo

Quebrastes as regras,
Desafiastes as normas,
Invadistes minha vida.
Neste vício oscilo.
Não quero mais este jogo.
As cartas estão marcadas.
Aplico-te um cartão vermelho,
És o transgressor dos meus sentimentos.
- Estás fora da minha vida!
Tudo estaria acabado
Se não fosse um blefe!

Trailer

Nossos momentos são exibidos diariamente em minha vida.
São pequenos trechos de uma longa história de amor e sedução
Que se passa na tela do imaginário,
Dentro do meu coração.

O amor que sinto jamais partirá, tu estás ancorado em meu coração.

Cicatriz

Recomponho-me.
Tento dissipar a impressão
Feita no ânimo pelos desejos.
Mas no coração há vestígios de uma ferida de paixão.
Na alma ficaram as marcas em relevo de um grande amor.
És o estigma do meu ser!
Dor que não passa...

Feira de artes

Na escultura:
Entalhei-te no meu peito.
Na dança:
No ritmo do teu olhar, minha alma rodopia.
Na música:
Tua voz é suave melodia, é a linguagem que meu coração entende.
Na pintura:
És obra de arte exuberante, emoldurada na tela da vida.
Na poesia:
És a inspiração dos meus versos!
Por meio da arte crio e recrio-te só para mim!

Nossos momentos são como pétalas, que unidas formam a mais linda flor!

Trovador apaixonado

Uma lua,
Uma janela,
Um trovador:
Cenário para uma serenata de amor
Ao som do alaúde.
Exaltar a pessoa amada buscando as estrelas do fundo do mar,
Mergulhar no oceano só para te encontrar.
Ou como as estrelas do céu, que cobrem a face em branco véu.
E ao som da melodia, nos versos de um trovador,
A perfeita sintonia vem compor,
Na pura magia do encanto e do amor!

Minha face italiana

Sou ramo de uma videira que atravessou o oceano,
Criou raízes e racimos neste plano:
Sou filha de um italiano!
Com desejo e sonho,
Na busca, partia
Deixando em seu país os amigos e a família.
Do seu trabalho e honradez,
Uma esposa surgiu,
E rebentos de cinco filhos no solo fértil do Brasil.
Hoje com orgulho minh’alma emana,
Sou filha deste país, com face italiana!
(Homenagem ao meu Pai Domênico Cornicelli – nascido em Pallagorio – Itália)


Se tu me faltas, falta a luz e vejo só o crepúsculo.

Maturidade

Quando se é menina,
Almeja-se ser mulher.
Quando se é mulher,
Sonha-se em ser menina...
Ser ambas:
Ser menina para realizar proezas e peraltices no viver!
Ser mulher para amar e seduzir...
A maturidade é como cereja madura
Quero colher este fruto doce com sabor de quero mais!

Sou eu

Sou o vento brando,
Sou a terra arenosa,
Sou o desejo vibrando,
Sou a lágrima saudosa.

O vento, virou vendaval.
A terra, foi pelos ares levada.
O desejo, ferido com punhal,
E a lágrima, no peito sufocada.

Era um amor sem fim,
Nunca se viu amor como aquele.
Hoje, é só um querer dentro de mim,
Tornando-me escrava dele!

O vento que desarranja teus cabelos,
Sou eu como o mar revolto.
A terra em que pisas apressado,
Sou eu, em abalo interno como terremoto.
Meu desejo e minha lágrima,
Só tu podes acalentar,
Porque és tu o meu puro amar!

És como as flores que esbanjam a beleza e aroma. Enfeitas todo o meu ser e contagias minha alma.

Solidão

Vou lidar com minha emoção,
Vou ao ritmo do coração,
Hei de ter novos amores...
Vou encontrar alívio para as dores.

Sou triste quando penso em ti,
A saudade faz-me sofrer.
Tu não estás aqui,
Tua ausência vem minh’alma entristecer.

Sou feliz, quando ligas para mim,
Tua voz é uma fonte de encanto
Quando falas de amor sem fim,
És o dono dos meus pensamentos.

Vou rasgando o peito em dor,
No coração que bate congelado,
Vou pensando em meu amor,
Que não está aqui ao meu lado.

És meu prazer, minha loucura,
Estás na fresca aurora de verão,
Possuis doçura,
Enquanto sigo com o gosto amargo em pleno hibernal de solidão!

Melodia noturna

Na escuridão da noite sem luar,
Num coração em desventura,
Bate em descompasso, só a trotar,
Um ardente desejo que murmura.

Na doçura e encanto de tua voz,
Teus lábios entoam uma canção que
Voa nas asas de um anjo veloz,
Alcançando o infinito, a imensidão.

Na terna e suave melodia
Que gera delícias na alma,
Meu peito palpita noite e dia e,
Neste embalo, meu coração acalma.

De todas as flores que já colhi no jardim da vida, és a mais bela!

Mentiras

Agora me vou pela vida afora
Como quem vai para a guerra.
Agora vou deixando tudo,
Suas mentiras atiraram me a terra!

Foste o vilão da minha aventura.
No chão, no pranto fizeste-me sofrer,
Arrancaste os meus sonhos,
Hoje choro o teu deixar.

Tuas promessas seduziram-me,
Eras meu prazer, minha alegria.
Sei que me enganaste, iludiste-me.
Secando minha fonte de poesia.

Negou-me a verdade,
Foste falaz!
Apagaste a chama da paixão,
Caminho sem desígnio, à procura da paz!

Pedidos

Pediram-me para serem lembrados.
Pediram-me para que na minha poesia fossem exaltados.
Atendi ao apelo, com grande zelo.
Faço este compêndio com grande carinho.
Deixo aqui registrado para os alunos da Corcovado,
Sementes de amor pelo caminho...
Tanto a amizade como a poesia jamais serão esquecidas, pois
São essências de sentimentos que exalam em nossas vidas!
Faço mimos a vocês com ternura e simplicidade,
Na minha pequenez,
Enalteço esta comunidade.
(Homenagem aos alunos da Escola Estadual Corcovado – Pérola, Pr.)

Para flores como você, seria necessário enviar um jardim.

Como eu te amo.

Quero encontrar palavras,
Quero compor um sentimento,
Quero exaltar com mudez,
O amor que grita por dentro.
Sinto-te...
No clarão da lua,
Nas cores do universo,
Nas estrelas do céu,
Na natureza e no meu verso!
Amo-te...
Como a aurora no crepúsculo;
Como água na aridez;
Como o verão no frescor e
Como o corante na palidez!
Como eu te amo...
Como o belo, o grandioso e o vital.
Te desejo, espero, cobiço, almejo... vou nutrindo!
Meu caminho vou seguindo...
Esta paixão ao extremo me conduz,
Esparjo grandeza na plenitude, na luz...
Te amo!
Te amo...
Como a flor que na primavera floresce,
Como minha boca jamais dirá.
Como no dia e na noite que padece
Amor maior que este não há!
Contigo os espinhos são menos dolorosos...

Seus olhos

Seus olhos são fascínio, são beleza e luz,
São estrelas que lampejam e que em meu céu reluzem.
Seus olhos são poesia,
São da cor da noite
Com o brilho do dia!
Seus olhos são meiguice profunda,
São doces e desejados que, marejados, minh’alma inundam!
Seus olhos são serenos e tranqüilos,
Se abrem para encantar e se fecham para os gemidos.
Seus olhos são as janelas de todo seu ser,
Por elas entro e faço morada enfeitando o meu viver!
Seus olhos são êxtase em cor.
São puros e ardentes, são ternura e amor!
Amo os seus olhos, como amo esta visão!
Mesmo expostos na sua face,
São guardados no meu coração!

Sonhos

Nas trevas da noite,
Na escuridão interior,
Sinto a luz que cintila,
Na temperatura do amor.

Entre abraços, beijos e carícias
Eu cri no amor imortal,
No leito transbordando as delícias,
De um amor sem igual.

No despertar do amor,
Desperto-me!
Fecho os olhos para reatar o sonho,
Tudo em vão...
Choro o sonho sonhado,
Acordo para a vida...
Consolo-me na crença
Que sonho é mentira!

Pensar em ti é ter uma flor linda; estar contigo é ter um jardim florido.

Harpejos

Ao som da harpa celeste,
Conduzida pelos anjos,
Soa doce a melodia,
No timbre dos arcanjos.
No fino sentir,
Na grande harmonia,
Na união das notas,
Minha alma extasia.
Fazes parte dos anjos,
Comigo vens celebrar,
Verto o cálice de pranto,
Nas imagens que me fazes recordar!
Prossegue a harpa ditosa,
Pelos querubins conduzida,
E ao som da orquestra
Sigo gélida a divagar,
Aquecendo-me na vida!

O esperar

Para que a rosa encante no desabrochar de suas cores e exale seu perfume
Necessita de um tempo recatada no botão.
Para que a borboleta possa pousar na flor e cintilar suas asas multicores
É necessário habitar no invólucro, na solidão.
Para que a felicidade irradie
E necessário que o amor amadureça no coração
É conheça as trevas e a luz,
O silêncio e o som,
O grito e o gemido,
O céu e o mar.
Tudo a seu tempo...
Vale a pena o esperar!

Quero fazer contigo o que a primavera faz com as flores.

Seu nome

Soa a orquestra,
Ruidosos sarais,
Festejos de luzes e cores
Forte aliança
No que ouve, vê e alcança!
Graciosa postura!
Se o amor o chama,
Chama-se ternura!
Acende minha gama, de amor e loucura!
No apetecido soar do teu nome,
Minh’alma inundas,
Meu querer consomes!

Adeus

Ando peregrina,
À procura do que se perdeu.
Seu olhar é minha sina.
Quero ser tua, já que és meu!

Te espero!
Te quero!
Te aguardo!
Te chamo!

Não quero este adeus,
Pois ainda te amo!
Nos meus sonhos,
Enfim te vejo:
Quanto desejo!
Quero falar-te do quanto sofri
No tempo em que ficaste afastado.
Chorei por ti e agora
Quero estar ao teu lado!

Quero ser o sereno para pairar sobre ti nos dias quentes de verão.

Nota da autora:

Era uma vez

Para não dizer que só falei das flores...
Quero falar dos pássaros, das espécies animais, das montanhas, do vale e do deserto...
Quero falar das incontáveis estrelas que cintilam no céu à noite, da majestosa lua que inspira poetas e testemunha a boêmia.
Quero falar dos raios dourados do sol, que com sua energia banha o mundo.
Falar das fragrâncias que se misturam na atmosfera, oxigênio precioso para a vida no planeta.
Quero falar das árvores, que crescem para contemplar toda a floresta com sua copa esguia.
Do rio que enfrenta o esgoto, os obstáculos do caminho e segue caudaloso para o mar, espalhando vida e beleza durante o percurso.
Quero profetizar o amor, a paz, a união entre os povos, a justiça, a fraternidade e a cura para todas as doenças que assolam o planeta...
Quero esbarrar na entrada do espetáculo da vida o egoísmo, a cobiça, a fome, a prostituição, a violência, as drogas, a mentira, o preconceito, a exploração, a guerra e o abandono...
Quero cultivar “feijões mágicos”, e levar a humanidade a uma Terra de Gigantes para estar mais próximos do céu, dos anjos, dos arcanjos, dos querubins e de Deus e vencer todo o mal.
Que os pobres tenham casas edificadas sobre rochas, para que o vento do desemprego, a tempestade da fome e o “lobo mal” da corrupção não soprem deixando pessoas “sem terra”, “sem teto” e sem dignidade. Que a justiça não fique “bela adormecida” e a impunidade aumente... que a “bruxa má” da poluição não sobrevoe os céus espalhando gases venenosos destruindo a camada de ozônio.
Que as “avozinhas” e todos os idosos sejam respeitados para contarem lindas histórias. E assim como nos contos de fada, que todas as pessoas possam ser felizes para sempre.

Um grande abraço.

Deolinda Cornicelli Buosi

A poesia tem a força do coração e a beleza da alma...