Por Deolinda Cornicelli Buosi
Professor: Aquele que ensina uma ciência, arte, técnica;
mestre.
Esta é a definição da palavra vista pelo dicionário.
Educador, transmissor de conhecimento; funcionário público.
Esta é a definição vista pela sociedade.
Amigo; facilitador do processo ensino aprendizagem.
Definição vista pela pedagogia.
Aquele que ensina uma ciência, arte, técnica, mestre, educador,
transmissor de conhecimento, funcionário público, amigo e facilitador do
processo ensino aprendizagem com carga horária esgotada, salas superlotadas,
múltiplas capacidades inseridas com inúmeras dificuldades a serem vencidas... Jornada
de trabalho carregada por uma mística de fé e perseverança de uma das mais
nobres e resistentes profissões em tempos em que muita coisa ruim acontece ao
mesmo tempo em que muitas coisas boas perpetuam.
Profissão: PROFESSOR.
Diante desta definição um professor precisa além do espaço
físico, do material didático, dos recursos humanos e dos subsídios afins,
precisa saber SER professor e não apenas saber os conteúdos da disciplina em
que leciona.
Ser professor é ter metas traçar estratégias e pautar suas
ações pedagógicas diante dos desafios. Um professor sabe que o conhecimento não
deve ser medido, mas avaliado diante da evolução do aluno, oferece oportunidade
para o desenvolvimento de talentos e potenciais. Tudo acrescido de paciência,
tolerância e persistência. Deve, portanto ser um articulador que transforma
oportunidade em realidade.
E diante da realidade, tomada certas vezes por um sentimento
de angústia e decepção não contive o desejo de descrever a essência de uma
professora que como muitos, passam a maior parte do tempo de suas vidas em
espaços escolares...
Embora mesmo com tantos anos de docência, percebe-se que nada
se conhece deste chão, é solo de incerteza, de dúvida, de tentativas e
principalmente de fé.
Em dados momentos vê-se a terra abrindo a seus pés e para não
esvair-se diante dela, é preciso ir à busca pela paixão de ser Professora.
Não há pretensão com estes escritos de convencer, provar ou
sugerir, o que há de fato é a necessidade de penetrar no universo da carreira
abraçada e fazer dela uma causa, um luta e principalmente um objetivo de vida.
Não creio que a docência seja comparada a um sacerdócio,
embora muito tempo acreditasse que fosse pelo forte sentimento de transformação
tanto no campo intelectual como humanizador. Não se trata de um “Amor Ágape”,
mas não deixa de ser um amor generoso que vive de expectativas...
A instigante espera pelos resultados, pelos momentos de insight e a passagem da ignorância para
a sabedoria, são bens que um professor acumula ao longo de sua trajetória em
sala de aula com giz na mão, pois sabe que o conhecimento nunca perde a
validade, que os valores essenciais nunca envelhecem e que essa é a maior
riqueza e o maior legado que se pode ter ou deixar...
Estamos vivendo em tempos tão difíceis que os momentos de
olhos nos olhos estão cada vez mais superficiais, que as novas mídias estão
cada vez ganhando maiores espaços e nos levando a crer que somos incapazes de
viver sem elas e isso nos impulsiona a um futuro não muito distante onde logo
poderemos ser substituídos por máquinas.
Ficaremos saudosos de um tempo em que um abraço caloroso, uma
flor ofertada, um lanche dividido e uma brincadeira inocente, não seriam
confundidos com pedofilia, assédio ou bulling.
As cartinhas recebidas com desenhos e mensagens de afeto são substituídas
por textos prontos que se encontram na internet
em site especializados... Não se espera que o tempo volte ou que as coisas
fiquem no mesmo lugar, mas que a modernidade não tire a pureza, a afetividade e
o carinho das relações humanas...
A automatização e a mecanização midiática podem levar a
pessoa a acreditar na auto-suficiência e a não perceber a ausência dos sonhos,
das conquistas pessoais fundamentadas no existir... Os valores éticos e a
educação de convivência não estão sendo praticado pela grande maioria que
cultiva uma ideia oportunista de levar vantagem, provar esperteza e sentir-se
igual esquecendo-se das hierarquias e do respeito, faz se muito a inversão de
valores... Igualdade de condições não são igualdades de posições, a pessoa
precisa saber reivindicar, ter comedimento, postura e acima de tudo respeito.
Pois a liberdade de expressão e a democracia devem ser exercidas com
responsabilidade e ética. “O meu direito, não pode ferir o direito do outro”...
Percebe-se na atualidade que há muitos comportamentos precoces...
(Ficar, namorar, iniciação sexual, trabalhar, dirigir, participar de festas
noturnas, baladas, bebidas, etc...) A geração jovem está cada vez mais jovem, e
isso contribui para o aumento dos inúmeros desafios da educação de hoje...
Nas páginas a seguir, haverá momentos em que a jornada de 20
ou 40h/aula parecerão uma jornada de amor e fé, outras vezes um desabafo, e
ainda em outros trechos ficará evidente que ser professor é uma das profissões
mais resistentes e nobres.
Em tempos que muita coisa ruim acontece, muita coisa boa
perpetua e é neste propósito que este trabalho se fundamenta.
A autora
Queridos amigos este texto é a apresentação de uma obra em que construo a cada dia, na qual intitulo NA SALA DE AULA COM GIZ NA MÃO... As próximas páginas almejo lançar num livro... E quem sabe num futuro não muito distante compartilhar com aqueles que comungam os mesmos ideais...