quarta-feira, 24 de julho de 2013

BATIK

O Batik é uma técnica de estampado,
É como a alma do pano...
É a beleza do adornado,
Cultura do povo africano!

Surgiu na Costa do Marfim
E ainda hoje nas roupas é usado,
O trabalho é assim:
Isola com cera para o pigmento ser lançado!

Porém de outras formas também pode ser realizado,
O artista executa o processo de grande concentração;
E vai deixando o pano estampado,
Com o trabalho de suas mãos!

O batik é uma palavra javanesa,
Que significa escrever e desenhar
Mas o que se vê é a beleza
Deste fino estampar!

Também é conhecido como gota pequena,
No processo de estamparia,
O resultado é magnífico na pele negra, branca ou morena,
Assim como em outra etnia!

O povo africano trouxe para o Brasil essa grande contribuição,
Por meio de sua arte, seus costumes e sua crença,
E hoje com gratidão,
Agradecemos essa influência!

Por Deolinda Cornicelli Buosi

Felicidade

[...] Quando eu era criança, nunca ouvi falar em FELICIDADE... E se tivesse ouvido, certamente pensaria que fosse uma cidade, por que morar no sítio não era bom; tudo era muito difícil...
O tempo passou e aos poucos fui entendendo o significado da palavra FELICIDADE, mas vivê-la intensamente sempre foi meu grande sonho...
Hoje, apesar de usufruir de algo que antes parecia distante, sinto que a tal FELICIDADE, parece estar sempre no mesmo lugar. Longe, muito longe...
A vida, às vezes nos presenteia com pequenas parcelas, ou doses miúdas dessa sensação boa, denominada momento FELIZ. Outras vezes, esses momentos vêm generosos e duram mais. Contudo, com o passar dos dias também vão minguando, diminuindo, secando...
A FELICIDADE parece estar sempre indo e vindo, é frenética! Custa a chegar e parte rápido...
Em dados momentos é sutil, chega sorrateira, por vezes nem a percebemos... Mas quando se vai deixa um vazio, uma impressão de que éramos felizes e não sabíamos...
É exaltada em poemas, canções, orações... Há quem diga que a FELICIDADE é o caminho, eu digo que nem sempre é o caminho, às vezes pode ser o ponto de partida, ou o ponto de chegada...
Uma gota de FELICIDADE pode ser remédio, mas uma gota de sofrimento pode ser veneno...
A distância entre a FELICIDADE e o sofrimento tem apenas uma fração de segundo!
 Parece que passar do Céu para o inferno, é muito mais rápido do que o inverso...
Quando a FELICIDADE é miúda, às vezes nem é notada... Mas quando se agiganta, eterniza-se na alma!
Sou como obra abstrata, uma pintura de ação, um dripping, sinto-me lançada, jogada e escorrida no pano da vida. Para uns, obra admirada, para outros, apenas borrões sem valor algum...
Sou pessoa que requer apreciação lenta, tenho estigmas, incógnitas!
Sou mulher que faz muitas coisas ao mesmo tempo, possuo muitos significados, sou vária!
Gasto o tempo, conto o tempo e perco tempo.
Sou de muitas palavras, gosto de deixar que a boca fale o que trago no coração... Expulso a dor com poesia e trabalho.
Sou pessoa de coragem, me revisto de convicção, de atitude e de fé... Às vezes tenho medo, mas esse sentimento raramente me paralisa, embora perceba que me fragiliza.
Tenho noção de que o tempo passa ora lento, ora rápido demais e ser feliz não é uma questão de tempo, mas de busca! Vou envelhecendo, meus dias vividos vão sendo aumentados e meus dias por viver diminuídos, por isso, às vezes tenho pressa.
Os agostos me deixam triste. Os ventos uivam como naquelas noites escuras da infância, as folhas caem, a terra vira um fino pó e se levanta...
A paisagem cinza não me inspira!... Então, tento encontrar algo belo em trinta e um dias de um mês desolador...
Daí minha alma se alegra com a florada dos ipês... Eles me dão uma grande lição... Ressurgem exuberantes e ficam ainda mais belos por contrastar com a secura da paisagem quase sem vida... E nestes momentos meus sonhos ultrapassam as copas cheias de fascínio. Encanto-me com os ipês e com suas cores...
Mas logo me vejo como aquelas flores maduras que se soltam do ramo e caem pelo chão formando um tapete... Parece um reflexo!
Assim, caio na aridez da terra e não consigo nutrir os sonhos. A vida me rouba aquilo que acaba de me conceder: Momentos mágicos!
Sempre sonhei mais do que pude ter e mesmo com o cansaço diário, as agruras da alma e os sulcos no rosto, Deus tem pena de minha pobre vida e presenteia-me com um pouco de FELICIDADE... Floresço por dentro!
Não gosto de regras. Prefiro as exceções! Não espero que me compreendam, prefiro que me aceitem.
Pena que as marcas no meu rosto não sejam sinais de felicidade... A maioria dos vincos marca apenas dor e sofrimento...
Em dados momentos Deus me traz alegrias inesperadas, faz-me sentir santa mesmo sendo pecadora... Minha fé amansa minha ira, acalma minha mente e afaga o meu coração...
Às vezes possuo ideais vanguardistas, é também contemporâneo, mas com valores clássicos... Na verdade, pertenço ao romantismo... Talvez seja a última das românticas!
Para ser quem eu sou é preciso muito mais que coragem, é necessário determinação...
Registro sentimentos como quem no passado deixou vestígios de cenas do cotidiano na parede das cavernas... Como primata, deixo marcas de minha vida para a posteridade... Tento evoluir como quem construiu dolmens e menhires...
Às vezes sou mulher da caverna, que mesmo depois de mais de seis mil anos ainda registro minha história nas paredes da existência. Paredes que me dividem, limitam, separam... Mas também paredes que abrigam e protegem...
E assim, tomando nas mãos tintas e pincéis, caneta e papel vou espalhando meus significados...
Quero contar estrelas do céu e espalhar estrelas no mar...
Quero ver gaivotas na praia, andar com os pés descalços e contemplar o infinito...
Quero sentir a brisa da manhã entrando pela janela e o cheirinho bom de um café...

Mas a realidade muitas vezes me acorda e serve uma dose de veneno... 
Morro aos poucos... 
Deolinda Cornicelli Buosi
(Texto inspirado no Livro Mulheres de Aço e de Flores/ Pe Fábio de Melo)

domingo, 3 de março de 2013

Na Sala de aula Com Giz na Mão


Por Deolinda Cornicelli Buosi


Professor: Aquele que ensina uma ciência, arte, técnica; mestre.
Esta é a definição da palavra vista pelo dicionário.
Educador, transmissor de conhecimento; funcionário público.
Esta é a definição vista pela sociedade.
Amigo; facilitador do processo ensino aprendizagem.
Definição vista pela pedagogia.
Aquele que ensina uma ciência, arte, técnica, mestre, educador, transmissor de conhecimento, funcionário público, amigo e facilitador do processo ensino aprendizagem com carga horária esgotada, salas superlotadas, múltiplas capacidades inseridas com inúmeras dificuldades a serem vencidas... Jornada de trabalho carregada por uma mística de fé e perseverança de uma das mais nobres e resistentes profissões em tempos em que muita coisa ruim acontece ao mesmo tempo em que muitas coisas boas perpetuam.
Profissão: PROFESSOR.
Diante desta definição um professor precisa além do espaço físico, do material didático, dos recursos humanos e dos subsídios afins, precisa saber SER professor e não apenas saber os conteúdos da disciplina em que leciona.
Ser professor é ter metas traçar estratégias e pautar suas ações pedagógicas diante dos desafios. Um professor sabe que o conhecimento não deve ser medido, mas avaliado diante da evolução do aluno, oferece oportunidade para o desenvolvimento de talentos e potenciais. Tudo acrescido de paciência, tolerância e persistência. Deve, portanto ser um articulador que transforma oportunidade em realidade.
E diante da realidade, tomada certas vezes por um sentimento de angústia e decepção não contive o desejo de descrever a essência de uma professora que como muitos, passam a maior parte do tempo de suas vidas em espaços escolares...
Embora mesmo com tantos anos de docência, percebe-se que nada se conhece deste chão, é solo de incerteza, de dúvida, de tentativas e principalmente de fé.
Em dados momentos vê-se a terra abrindo a seus pés e para não esvair-se diante dela, é preciso ir à busca pela paixão de ser Professora.
Não há pretensão com estes escritos de convencer, provar ou sugerir, o que há de fato é a necessidade de penetrar no universo da carreira abraçada e fazer dela uma causa, um luta e principalmente um objetivo de vida.
Não creio que a docência seja comparada a um sacerdócio, embora muito tempo acreditasse que fosse pelo forte sentimento de transformação tanto no campo intelectual como humanizador. Não se trata de um “Amor Ágape”, mas não deixa de ser um amor generoso que vive de expectativas...
A instigante espera pelos resultados, pelos momentos de insight e a passagem da ignorância para a sabedoria, são bens que um professor acumula ao longo de sua trajetória em sala de aula com giz na mão, pois sabe que o conhecimento nunca perde a validade, que os valores essenciais nunca envelhecem e que essa é a maior riqueza e o maior legado que se pode ter ou deixar...
Estamos vivendo em tempos tão difíceis que os momentos de olhos nos olhos estão cada vez mais superficiais, que as novas mídias estão cada vez ganhando maiores espaços e nos levando a crer que somos incapazes de viver sem elas e isso nos impulsiona a um futuro não muito distante onde logo poderemos ser substituídos por máquinas.
Ficaremos saudosos de um tempo em que um abraço caloroso, uma flor ofertada, um lanche dividido e uma brincadeira inocente, não seriam confundidos com pedofilia, assédio ou bulling. As cartinhas recebidas com desenhos e mensagens de afeto são substituídas por textos prontos que se encontram na internet em site especializados... Não se espera que o tempo volte ou que as coisas fiquem no mesmo lugar, mas que a modernidade não tire a pureza, a afetividade e o carinho das relações humanas...
A automatização e a mecanização midiática podem levar a pessoa a acreditar na auto-suficiência e a não perceber a ausência dos sonhos, das conquistas pessoais fundamentadas no existir... Os valores éticos e a educação de convivência não estão sendo praticado pela grande maioria que cultiva uma ideia oportunista de levar vantagem, provar esperteza e sentir-se igual esquecendo-se das hierarquias e do respeito, faz se muito a inversão de valores... Igualdade de condições não são igualdades de posições, a pessoa precisa saber reivindicar, ter comedimento, postura e acima de tudo respeito. Pois a liberdade de expressão e a democracia devem ser exercidas com responsabilidade e ética. “O meu direito, não pode ferir o direito do outro”...
Percebe-se na atualidade que há muitos comportamentos precoces... (Ficar, namorar, iniciação sexual, trabalhar, dirigir, participar de festas noturnas, baladas, bebidas, etc...) A geração jovem está cada vez mais jovem, e isso contribui para o aumento dos inúmeros desafios da educação de hoje...
Nas páginas a seguir, haverá momentos em que a jornada de 20 ou 40h/aula parecerão uma jornada de amor e fé, outras vezes um desabafo, e ainda em outros trechos ficará evidente que ser professor é uma das profissões mais resistentes e nobres.
Em tempos que muita coisa ruim acontece, muita coisa boa perpetua e é neste propósito que este trabalho se fundamenta.
 A autora

Queridos amigos este texto é a apresentação de uma obra em que construo a cada dia, na qual intitulo NA SALA DE AULA COM GIZ NA MÃO... As próximas páginas almejo lançar num livro... E quem sabe num futuro não muito distante compartilhar com aqueles que comungam os mesmos ideais...